O Mixed Martial Arts (MMA) está passando por um crescimento sem precedentes em todo o mundo. O que começou como um esporte de nicho, tornou-se um fenômeno global com milhões de fãs, uma estrutura amadora sólida e um apelo crescente por reconhecimento no mais alto palco esportivo: os Jogos Olímpicos. A pergunta é: o MMA está pronto para os Jogos Olímpicos? E, mais importante ainda: o mundo está pronto?
Do underground ao mainstream
Quem falava de MMA há vinte anos normalmente se referia a algo que acontecia em porões, salões obscuros ou eventos pay-per-view com uma reputação duvidosa. Hoje, essa imagem mudou completamente. O MMA passou por uma verdadeira metamorfose. Graças a regras claras, organizações profissionais e torneios internacionais, o esporte amadureceu.
Organizações como UFC, PFL e ONE Championship atraem milhões de espectadores no mundo todo. Mas também no nível amador, o esporte está ganhando espaço. Com o apoio de entidades como IMMAF e GAMMA, está sendo construída uma base transparente e amplamente reconhecida com federações nacionais, programas de formação e torneios.
O potencial olímpico: quatro razões
A profissionalização do esporte é uma das razões pelas quais o MMA é agora um candidato sério ao reconhecimento olímpico. Mas há mais fatores que explicam esse momento favorável:
Atração global
Com uma base de fãs em rápido crescimento, especialmente entre os jovens, o MMA se encaixa perfeitamente no esforço do COI para tornar os Jogos mais atraentes para novas gerações. Assim como o skate e o breakdance foram adicionados, o MMA parece o próximo passo lógico.Profundidade técnica
O MMA reúne inúmeros estilos de luta. A combinação de wrestling, jiu-jitsu, striking e tática exige uma versatilidade incomparável. É, portanto, um dos esportes de combate mais completos e desafiadores.Base amadora forte
Com campeonatos mundiais, europeus e torneios juvenis recorrentes, a IMMAF mostra que o esporte também está crescendo na base. Cada vez mais países estão investindo em programas nacionais de MMA amador.Apoio de ícones
Grandes nomes do esporte, como Khabib Nurmagomedov, usam sua influência para colocar o MMA na agenda olímpica. Esse apoio ajuda a romper resistências em órgãos esportivos mais tradicionais.
A história do lutador: do cage ao campeonato
Mas o que essa evolução significa para os próprios atletas?
"Para mim, é mais do que lutar. É um sonho representar meu país nos Jogos Olímpicos um dia."
Quem diz isso é Soumia El Hamdaoui (24), lutadora amadora holandesa de MMA que participou do Campeonato Mundial da IMMAF no ano passado. Ela treina diariamente em Amsterdã e concilia o esporte com o curso de fisioterapia.
"O MMA tem de tudo: disciplina, técnica, força mental. Quando comecei, nunca pensei que isso um dia se tornaria um esporte olímpico. Mas agora sinto: é possível."
E ela não está sozinha. Tomasz Grabowski, da Polônia, medalhista de prata no Campeonato Europeu da IMMAF 2023, compartilha o mesmo sentimento:
"A estrutura existe. As regras existem. O esporte vive entre os jovens. O que falta é o empurrão político do COI."
Os obstáculos que o MMA ainda precisa superar
No entanto, não se trata apenas de impulso. Ainda existem obstáculos importantes a serem superados antes que o MMA conquiste o reconhecimento olímpico.
Preocupações com segurança: Apesar das regras protetoras no circuito amador, a percepção de perigo ainda é uma preocupação para o COI.
Reconhecimento por autoridades esportivas: A IMMAF ainda está em processo de reconhecimento oficial pela WADA e GIASF, dois passos essenciais rumo ao status olímpico.
Desafios logísticos: Encontrar um formato que se encaixe no cronograma olímpico apertado é um quebra-cabeça. As lutas exigem tempo de recuperação, o que torna a programação complexa.
Nagoya 2026: Uma etapa crucial
Mesmo assim, há esperança no horizonte. A inclusão do MMA nos Jogos Asiáticos de 2026, em Nagoya, Japão, é um momento histórico. Este prestigiado torneio, reconhecido pelo Comitê Olímpico da Ásia, é visto como um passo intermediário importante rumo à inclusão olímpica definitiva.
Para o esporte, isso significa um enorme impulso em visibilidade, infraestrutura e legitimidade.
O que isso significa para o futuro do MMA?
O reconhecimento olímpico beneficiaria o MMA em todos os níveis:
Inspiraria jovens atletas a começar mais cedo;
Clubes e federações receberiam mais apoio financeiro;
Técnicos e acompanhamento médico poderiam se profissionalizar ainda mais.
Para lutadores como Soumia, isso representa sobretudo perspectiva:
"Talvez eu não esteja mais ativa quando isso acontecer, mas quero poder dizer que contribuí para isso."
A Warrior Code acompanha de perto todos esses desenvolvimentos. Porque o que começou como um esporte à margem dos holofotes, está em plena ascensão. Da academia ao cage. Do campeonato ao palco mundial. E, quem sabe em breve: do octógono ao ouro olímpico.